quarta-feira, 16 de abril de 2008

CF Sassoeiros em reportagem!

Na edição de Março do Jornal Linha Desportiva, o CF Sassoeiros esteve em destaque, já que Ricardo Lobão (Treinador da Equipa Sénior), Ré (Jogador dos Seniores), Fernando Gonçalves (Vice-Presidente para a àrea Desportiva) e Carlos Pires (Treinador de Juniores) deram uma entrevista ao mesmo.


A entrevista foi conduzida por Pedro Peixoto que gentilmente nos cedeu os textos. Obrigado!


Entrevista a Ricardo Lobão


Foi num momento de pausa no campeonato que o Sassoeiros nos abriu as portas da sua casa para dois dedos de conversa franca com alguns dos elementos chave para o sucesso deste clube que é a bandeira do Futsal na nossa região.
Á cabeça, como não poderia deixar de ser, o incontornável Ricardo Lobão, maestro de uma banda que toca afinada. Também o jogador revelação Ré, o Vice-presidente Fernando Gonçalves e o treinador da Formação Carlos Pires deram uma ajuda ao Linha Desportiva.

LD: Mister, estamos sensivelmente a meio do campeonato FutSagres, como é que está a ser este regresso à 1ª Divisão?
RL: Como era de esperar, está a ser difícil. Mas penso que temos estado bem, organizados, empenhados e principalmente com uma boa mentalidade. Infelizmente os contratempos que temos sofrido ao nível de lesões têm tido uma influência directa no rendimento e na estabilidade da equipa. Penso que este talvez seja o factor principal para ocuparmos a posição menos favorável no campeonato.
LD: Falas do 9º lugar que não dá acesso ao Play off…
RL: Exactamente. Neste momento estamos a três pontos dos lugares de Play off mas temos também uma vantagem relativa em relação aos 4 lugares que descem de divisão. Acredito que no que resta do campeonato e com a recuperação de alguns jogadores importantes vamos poder estabilizar a equipa, aumentar os nossos índices de competitividade e alcançar os nossos objectivos.
LD: Objectivos traçados no inicio da época…
RL: Exactamente. Estar entre as oito equipas que disputam o Play off.
LD: E, tendo em conta esses objectivos, como foi o planeamento da época? Os jogadores que escolheste…
RL: No Sassoeiros quando escolhemos jogadores, temos sempre em linha de conta o nosso modelo de jogo. Procuramos jogadores consistentes a nível técnico-táctico mas, e em primeiro lugar, consistentes a nível mental. Temos, obviamente, dificuldade em termos financeiros mas felizmente conseguimos quase todos os jogadores que queríamos. No fundo conseguimos encontrar um padrão de equilibro que permitiu tornar a equipa mais competitiva. Dessa forma conseguimos lançar mais alguns jogadores (Ver caixa) que estão a assimilar processos, a evoluir e a mostrar a todos que quando se joga Futsal não é só o nome que joga. Essencialmente, o empenho e a atitude fazem a diferença.
LD: Neste plantel jovem, como se enquadram os jogadores mais experientes como por exemplo o capitão Pedro Caetano?
R.L.: É sem duvida um jogador importante. Ouço muita gente dizer que eu gosto de jogadores jovens, mas para mim não é o BI que define a idade de um jogador. O Pedro (Caetano) apesar dos muitos anos que já leva de Futsal encarna o espírito de entrega e ambição que procuramos cultivar aqui no Sassoeiros. Com jogadores assim e com os mais novos conseguimos uma “mescla” que só pode ser vantajosa para a equipa.
LD: Tendo em conta essa filosofia como vês o Campeonato FutSagres actualmente? A crescente entrada de estrangeiros tem influencia?
R.L: Em primeiro lugar devo dizer que não tenho nada contra os estrangeiros que vêem para Portugal jogar Futsal. Mas, para um jogador estrangeiro entrar na minha equipa tem de vir para somar e não para dividir. Para tirar lugar a um jogador português, tem de fazer claramente a diferença. Com muita sinceridade, a maioria dos estrangeiros que estão em Portugal neste momento não teria lugar no Sassoeiros porque eu acredito que os meus atletas são melhores do que eles.
LD:
RL: E deixa-me aproveitar esta oportunidade para mostrar o meu espanto em como ainda não há regras claras sobre esta matéria. Com esta aposta decrescente nos atletas portugueses a selecção, mais tarde ou mais cedo, vai pagar a factura. Talvez seja altura das pessoas que têm a capacidade de tomar decisões olharem para esta situação e procurarem de uma forma ou de outra salvaguardar os interesses nacionais. Talvez ainda não seja tarde…


O Futsal nacional

L.D: Aproveitando que falas na selecção, deixa-me perguntar-te o que pensas destas paragens no campeonato de cada vez que a selecção nacional entra em estágio?
RL: São sem dúvida muito complicadas de gerir. Neste caso concreto, para o Sassoeiros até foi benéfico em termos de gestão das lesões que nos afectam mas no coopto geral acabam por alterar as rotinas que tentamos criar ao longo de uma época de trabalho, o que numa equipa que esteja por exemplo a atravessar uma boa fase pode ter consequências irreparáveis. Mas neste caso são os interesses da nossa selecção que se sobrepõem e penso que será muito difícil alterar essa situação.
LD: Esta situação é talvez ainda mais difícil de gerir para equipas não profissionais…
RL: Sim uma vez que por norma não têm atletas representados na selecção e ficam todos parados. Mas em relação a essa matéria gostava de dizer que na minha opinião ser profissional não é apenas ganhar muito dinheiro e treinar duas vezes por dia. Para mim ser profissional é dar aquilo que temos e o que não temos pela nossa equipa. Por isso repito o que digo à muitos anos: Os meus jogadores são os verdadeiros profissionais! Pois chegar de um dia de trabalho e ainda treinar a um ritmo de alta competição durante toda uma semana mostra uma entrega e uma dedicação dignas de qualquer profissional.
LD: E ainda sobre o campeonato, o que pensas desta nova fase de transmissões de jogos na SIC em canal aberto?
RL: Tem sido, obviamente, benéfico para o Futsal. Dá a possibilidade a mais gente de ver Futsal e de se interessar pelo desporto. É certo que oiço muitas queixas de que dão atenção sempre as mesmas equipais mas as pessoas têm de perceber que não podemos fugir ao peso de certos clubes. Aquilo que os clubes como o Sassoeiros podem fazer é aproveitar as oportunidades de que dispõem para se mostrar e procurar crescer mais. Aqui tenho de deixar uma palavra à Federação que apesar de uma ou outra falha está finalmente a apostar no Futsal.

Passado e Futuro…


LD: Falando agora um pouco do teu percurso. Mais um ano…
RL: Com este já são 10!
LD: É um recorde a nível nacional?
RL: Se não é, anda lá muito perto.
LD: O que é que ainda te motiva a vir dar treino todos os dias?
RL: O que me motiva é essencialmente a vertente humana desta actividade. O contacto directo com pessoas muito diferentes. As alegrias, as tristezas. No fundo o enriquecimento humano que retiramos do dia a dia num clube como o Sassoeiros.
LD: E para o ano?
RL: Para o ano é mais um ano (risos). Eu já digo à direcção do Sassoeiros que o meu ciclo já acabou há muito tempo. Assinei por três anos, já cá estou à dez. Já subimos, descemos e subimos de divisão. Estou aqui por um projecto em que acredito, na certeza porem de que o Sassoeiros vai continuar a existir depois do Ricardo Lobão.


Entrevista a Ré





O LD foi também falar com um dos jogadores revelação do Sassoeiros 2007/2008. Nélson Santos, nome de guerra Ré, tem 22 anos está no segundo ano de profissional e já leva 11 golos no Campeonato FutSagres. Mais um dos pupilos de Ricardo Lobão.

LD: Ré, como surgiu o Sassoeiros na tua vida?
Ré: Foi simples. O Ricardo (Ricardo Lobão) falou comigo, fez-me uma proposta e eu aceitei.
LD: Foi uma boa aposta?
Ré: Sim, estou muito feliz no Sassoeiros. Sinto que temos uma boa equipa, um balneário fantástico e acima de tudo tenho a possibilidade de continuar a crescer como jogador pois, todos os dias aprendo com o Ricardo.
LD: E em termos de jogo?
Ré: É diferente. No Odivelas (clube que representou na época transacta) não jogava muito. Aqui o Ricardo está a dar-me oportunidades e eu estou a tentar mostrar o meu valor. Estou a jogar, estou a fazer golos.
LD: Já te sentes importante para a equipa?
Ré: Sou mais uma peça… Quero fazer o meu trabalho e ajudar a equipa em tudo.
LD: Falando em equipa, como é que vês o Sassoeiros agora que estamos no meio do campeonato?
Ré: Neste momento não estamos numa posição muito confortável. O 9º lugar não chega para o Play off que é o nosso principal objectivo. Mas faltam nove jogos e penso que se mostrarmos o nosso potencial vamos alcançar a manutenção na 1ª divisão.
LD: E como analisas os vossos adversários directos nesse objectivo de manutenção?
Ré: Apesar de termos perdido à pouco tempo com um desses adversários (Sassoeiros 3-5 Vila Verde) acredito que vamos saber como ganhar esses desafios. Temos de pensar jogo a jogo e nunca esquecer que o factor casa e o apoio do nosso público é muito importante.
LD: E em termos pessoais? Estás com 22 anos, a começar a construir a tua carreira, quais são os teus planos? Ser profissional?
Ré: Obviamente que sim! Mas o caminho é longo. Para já estou só a pensar no Sassoeiros e a tentar dar o meu melhor. Se aparecer alguma coisa, mais para a frente, escolho o melhor para mim e para o clube.
LD: Como falávamos antes da entrevista, estás quase a obter a tua nacionalidade (nascido em Portugal, Ré tem a nacionalidade Cabo-Verdiana e espera a qualquer momento a obtenção do passaporte Português), representar a Selecção é um sonho? Uma ambição?
Ré: Claro que sim. Qualquer jogador gostava de representar a Selecção mas, sinceramente, é uma coisa que nem penso muito. Primeiro é preciso obter a nacionalidade Portuguesa e depois pensar em voos mais altos.

Entrevista a Fernando Gonçalves


Num momento de viragem em termos estruturais para o Sassoeiros, o LD ouviu as palavras do “eterno” vice-presidente Fernando Gonçalves sobre o novíssimo pavilhão que cresce paredes-meias com o antigo e que já vai alterando a paisagem do alto de Sassoeiros.

LD: Fernando, o que representa este novo pavilhão?
FG: Muito esforço e empenho por parte de todos neste clube. Este pavilhão é um grande anseio da nossa massa associativa e também de toda a estrutura do clube que mais do que ninguém sabe como foi difícil trabalhar todos estes anos nas condições que o pavilhão actual oferece. No fundo, é um sonho quase a tornar-se realidade.
LD: E o que é que este novo pavilhão pode oferecer ao Sassoeiros?
FG: Em primeiro lugar diria que permitir ao Sassoeiros ser um bom anfitrião uma vez que receber bem é, em meu entender, uma parte importante do Fair-Play desportivo. E, infelizmente, temos a consciência que aqui não podíamos receber condignamente as equipas visitantes.
Por outro lado, mas não menos importante, o novo pavilhão vai permitir albergar debaixo do mesmo tecto todas as modalidades actualmente existentes no Sassoeiros o que até não acontecia.
Se juntarmos a isto um bar – restaurante com visibilidade total para o recinto desportivo, um auditório com capacidade para 90 lugares, dois ginásios totalmente equipados lugares, percebemos que o Sassoeiros vai dispor de uma infra-estrutura ao nível das melhores do País e como consequência vai poder assumir um papel activo como associação desportiva
LD: Vai, portanto, permitir ao Sassoeiros, diversificar as suas apostas além do Futsal…
FG: Todos sabemos que o ecletismo é uma quimera muito difícil de alcançar. O Sassoeiros o que pretende é oferecer condições às modalidades que já tem, para que passem de boas modalidades a referencias desportivas no panorama regional e nacional.
LD: Fernando e relativamente ao Futsal do Sassoeiros esta época?
FG: Estou, fundamentalmente, tranquilo. Estamos bem ao nível da formação, com a nossa equipa de juvenis a caminhar solidamente para a subida à 1º divisão o que nos vai permitir na próxima época estar no primeiro campeonato distrital em todos os escalões de formação.
LD: E relativamente aos Seniores?
FG: A luta é mais difícil obviamente, mas acredito que com esforço e cabeça vamos conseguir a manutenção o que é extremamente importante para uma equipa que vai ter um novo pavilhão.

Entrevista a Carlos Pires


Carlos Pires, o homem que está à mais tempo na formação do Sassoeiros, foi o elemento escolhido para dar ao LD uma breve análise daquilo que é o projecto de formação desportiva ao nível do Futsal.

LD: Carlos, como está a formação do Sassoeiros neste momento?
CP: Bom, podemos dizer que passa por uma reestruturação de fundo ao nível das condições (novo pavilhão) e ao nível das equipas técnicas, com o intuito de dar mais consistência aos planteis. Penso que no próximo ano teremos condições para que o jogador de formação no Sassoeiros tenha maior qualidade de treino, maior qualidade de jogo e acima de tudo mais e melhor mentalidade competitiva, que é talvez o maior problema com que nos debatemos com os “miúdos” aqui da linha.
LD: Podemos então dizer que este ano marca o início de um novo projecto de formação, o ano 0?
CP: De certa forma sim. Apesar do projecto de formação já ter seis anos, sofreu ao longo dos tempos alguns contratempos. Inicialmente era coordenado pelo Ricardo Lobão que por falta de disponibilidade teve de abandonar. Algumas apostas de Treinadores que não resultaram. Este ano com entrada do Rui Guerreiro para a Coordenação da formação, começamos a analisar e reestruturar o que já existia para que no próximo ano possamos arrancar definitivamente. O nosso objectivo é no fundo criar condições de formação para um miúdo que cresça no Futsal do Sassoeiros consiga mais tarde alcançar a nossa primeira equipa. Para isso criamos uma coordenação sólida e decidida, definimos um modelo seguido por todos e apostamos em treinadores com curso. Se juntarmos a isto o novo pavilhão e o apoio da direcção, penso que podemos alcançar coisas bonitas para o Sassoeiros.
LD: Carlos paralelamente ao teu trabalho aqui no Sassoeiros sei também que trabalhas à já uns anos com as Selecções jovens de Lisboa, o que me podes dizer sobre o atleta jovem da região de Lisboa?
CP: É um pouco o mesmo que te dizia sobre os miúdos daqui da linha. O jogador de Lisboa é muitas vezes forte a nível técnico, forte a nível táctico mas a sua grande falha é na mentalidade, e é aí que perde claramente para o jogador do Norte. Penso que seja uma questão social. O jogador do Norte é regra geral mais “bairrista”, mais aguerrido, mais agressivo e mais ambicioso. O “nosso” jogador não, e isso tem influência directa nos resultados da selecção de Lisboa.
LD: Também o Sassoeiros sofre com isso…
CP: Sem duvida. É uma dificuldade contra a qual temos de lutar em cada treino.



Um agradecimento especial do Blog ao Pedro Peixoto!